Grandes corporações têm se comprometido e revelado publicamente suas metas para reduções de emissões de gases de efeito estufa para os próximos anos. Muitas delas, se comprometem em ter o net-zero até 2035 ou 2040.

O net-zero refere-se ao termo “net zero carbon emissions”, que é o compromisso em reduzir as emissões líquidas de carbono em toda a sua cadeia de valor. Ou seja, deve haver a neutralidade de emissões nas atividades diretas da operação do negócio, e de emissões indiretas de consumo de energia e da cadeia de valor do negócio, incluindo fornecedores e clientes.

Em geral, as companhias têm iniciado com projetos de reduções e compensações de emissões nos chamados escopos 1 e 2. Essas ações se referem, respectivamente, às emissões de responsabilidades diretas envolvidas na operação do negócio e às emissões indiretas associadas à geração de eletricidade que a empresa consome.

Ao buscar o net-zero e ampliar as metas de redução de emissões de carbono para o chamado escopo 3 (que se referem as emissões ao longo do ciclo de vida dos produtos ou serviços da companhia), temos também no inventário as atividades onde a empresa não é diretamente atuante ou responsável, tais como: aquisição de matérias-primas, destinação de resíduos sólidos, transporte e distribuição. As atividades ligadas aos sistemas logísticos têm relevante papel nas emissões do escopo 3 (ou no escopo 1, se a logística estiver inserida no negócio principal da companhia – core business).

Ao conectar o core business com processos e stakeholders à montante e a jusante do sistema produtivo, o primeiro e o principal elo de conexão são as atividades do setor logístico, que também deverão ter neutralidade ou redução das emissões de carbono em sua operação. Por isso, vemos um movimento de operadores logísticos importantes do cenário nacional já se antecipando e oferecendo operações logísticas de baixo carbono. Empresas como Rumo e Brado já têm demonstrado ações para auxiliar na logística de baixo carbono, especialmente no uso de tecnologia especializada e na utilização de multimodalidade para o transporte de cargas.

Agora, lhe pergunto: como você, operador logístico, está se preparando para atender a demanda e auxiliar nas metas de redução de emissões associadas à operação logística destes clientes que já tem tal compromisso público para os próximos anos? Deixo aqui uma contribuição com 5 passos que irão lhe ajudar:

  1. Reduzir os desperdícios na operação logística: transportar “mais com menos” é o primeiro caminho para a redução de emissão de carbono.
  2. Otimizar com tecnologias: após reduzir os desperdícios do passo 1, o segundo passo é utilizar-se da tecnologia que sistemas como o TMS, TOS, WMS, roteirizadores e otimizadores logísticos oferecem para otimizar o que não foi possível reduzir em um primeiro momento.
  3. Mensurar e comunicar com transparência: quantificar o carbono equivalente na operação logística para cada cliente e/ou produto auxilia na gestão de inventários. E ainda gera rastreabilidade do carbono e confiabilidade das operações em toda a cadeia produtiva. Quantificar os potenciais ganhos gerados nos passos 1 e 2, com apoio e acesso a dados confiáveis. O importante aqui é entregar transparência no processo, que é um dos mais importantes pilares das estratégias ESG.
  4. Oferecer opções de frete de baixo carbono: Oferecer opções aos clientes interessados de fretes de baixo carbono que utilizem multimodais ou combustíveis alternativos, que ocasionem redução da pegada de carbono na operação logística por unidade de carga transportada, e gerar opções de compensações de carbono para aquele carbono que não pode ser reduzido ou otimizado.
  5. Planejar a modernização tecnológica: apesar de envolver investimentos maiores e oferta mercadológica, é importante fazer um planejamento estratégico para ter em seu radar futuras inserções tecnológicas para baixo carbono, como novos veículos, modais e/ou tecnologias que associem a operação logística com veículos elétricos e, especialmente, o uso de biocombustíveis como biometano, metanol verde e hidrogênio verde.


Esses são alguns passos sequenciais estratégicos para que transportadores e companhias que atuam na logística brasileira possam auxiliar a transformar o setor, colaborar com metas corporativas de seus clientes e gerar valor em operações transparentes e otimizadas.

Fonte: https://revistamundologistica.com.br